Dos tempos mais antigos, passando pela idade média aos
dias de hoje, vemos (mundo afora) explodirem conflitos que tem levado à morte
milhões de seres humanos, sob a alegação de fundamentalistas que adicionaram
aos conflitos etnicos e territoriais, o componente religioso.
Os crimes praticados em "nome de Deus", partem
de elaborações conceituais distorcidas, sem nenhuma relação com a profundidade
espiritual e a essência da relação humana com o criador. O nome de Deus é usado
para "dar validade" a prática daqueles(as) que buscam estabelecer o
domínio e a submissão dos outros aos seus interesses.
Assim, na história, o extermínio de povos, a escravidão,
o racismo, o preconceito, a tortura, o assassinato e uma série de outros
crimes, encontraram na "justificativa" religiosa, sua razão de
existir.
Nos tempos atuais e especialmente em nosso país
(propagado como um país de maioria cristã), temos vivido uma "onda"
de intolerância e expressões de racismo e preconceito, que apresenta seus
desdobramentos em formas violentas, seguidas de ameaças, agressões e
assassinatos.
Das redes sociais à convivência do dia-a-dia, já são
incontáveis a quantidade de casos, que tomaram sua proporção maior nos últimos 6 anos.
No centro da "onda" que já podemos caracterizar
como fascista, está o Bolsonarismo (que mesmo com a derrota eleitoral nas eleições passadas, segue atuando), cujo discurso de ódio, racismo,
intolerância, machismo e xenofobia, além de incitação à violência e da defesa
de tortura e assassinato de opositores, reúne como seus apoiadores, pessoas que
se declaram "cristãs" e que em oposição aos princípios do cristianismo,
se pronunciam em torno do lema "DEUS ACIMA DE TUDO" ou "DE TODOS", num tom
ditatorial, totalitário e opressor, se colocando em posição de exclusão ou
extermínio das chamadas "minorias sociais" e da negação dos direitos humanos.
São pessoas (que se dizem católicas e/ou evangélicas neopentecostais) que
assimilam os discursos deturpados de falsos líderes, que pregam a exclusão de
pessoas, que se assumem como "diferentes e abençoados", a partir de
um fundamentalismo alienado, de uma "teologia da prosperidade" que os
impulsiona para a aquisição de riquezas e benefícios materiais, constituindo-se
em classe privilegiada.
Em sua maioria, esses falsos cristãos já são em sua essência, pessoas racistas,
preconceituosas, discriminatórias e defensoras da violência, que utilizam o
nome de Deus, como cortina para encobrir seus próprios males e suas
incoerências e, que agora encontram na "onda fascista" a oportunidade
de extravasar seus "anseios" e seus "desejos".
Já outros que somam e que se identificam também como "cristãos", tem uma "fé" baseada no medo e, por não possuírem conhecimento, nem profundidade nos estudos do cristianismo, tornam-se massa de manobra de outros e suscetíveis a acreditar na propaganda e nas notícias falsas propagadas pelos manipuladores.
Por outro lado, apesar desse grande contingente de falsos
cristãos, vemos de forma esperançosa, a resistência de muitos(as) leigos,
padres, bispos, pastores, religiosos, entre outros(as), que são historicamente
comprometidos(as) com as causas sociais e populares, que atuam de acordo com a
essência do cristianismo, que é a defesa e a valorização da vida em todos os
seus aspectos, além de somarem esforços na construção de uma sociedade sem
exclusão, com respeito aos direitos humanos em defesa da democracia e da paz.
São esses(as) cristãos que sim, EM NOME DE DEUS, defendem
os pobres, os oprimidos e os marginalizados, que aliam FÉ e VIDA, para mostrar
que é necessário mais do que nunca buscar a construção de um mundo melhor.
Que nesse momento decisivo da história de nosso país,
saibamos escolher o lado certo e a todos(as) que se pronunciam cristãos,
lembrem: NÃO É CRISTÃO QUEM DEFENDE A TORTURA, O CRIME, O RACISMO, O
PRECONCEITO E O ÓDIO.